O território do Côa é riquíssimo em espécies animais, e vegetais. Uma parte do território do Parque Arqueológico do Vale do Côa corresponde à Zona de Proteção Especial do Vale do Côa, classificada em 1999. Esta ZPE compreende, essencialmente, a bacia terminal do rio Côa, com a sua área de relevo montanhoso, e cujas encostas escarpadas se prolongam ao longo deste leito e do rio Massueime. A existência de aves rupícolas protegidas assegurou a entrada da ZPE na Rede Natura 2000, a rede comunitária de áreas protegidas.
A ZPE do Vale do Côa é procurada por espécies que merecem preocupação em termos de preservação, com realce para as populações de britango (Neophron percnopterus), de grifo (Gyps fulvus), de águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), de águia-real (Aquila chrysaetos), e de chasco-preto (Oenanthe leucura).
Esta área classificada caracteriza-se também por pouca vegetação natural, com grande extensão de matos pré-florestais, zimbros, sobreiros e azinheiras. Estes matos são atrativos a pequenas aves, como a toutinegra-tomilheira (Sylvia conspicillata), a Toutinegra-de-bigodes (Sylvia cantillans) ou a Toutinegra-dos-valados (Sylvia melanocéfala), para além da mais rara de todas, a toutinegra-real (Sylvia hortensis).
Outras aves procuram também esta região, como a cegonha negra ou o bufo-real. A paisagem é ainda influenciada por alguma atividade agrícola, nomeadamente de olivais, amendoais e vinha, além da pastorícia.
Estatuto de conservação em Portugal: Quase Ameaçado
É o mais comum dos abutres em Portugal. Maior do que as águias, chega a 2,5 metros de envergadura entre asas. Voa grandes distâncias em voo planado. Distingue-se do abutre preto pela plumagem em tom castanho-creme, zona inferior da plumagem preta e extremidade das asas revirada para cima. Tem cabeça sem penas, pescoço claro e cauda curta e preta. O bico é castanho-claro e enganchado.
Espécie residente. Prefere zonas abertas com poucas ou nenhumas árvores, em planícies, montanhas ou planaltos montanhosos. É visível durante o dia, e por vezes, em bandos de algumas dezenas.
Todo o tipo de animais mortos., sendo que noutros tempos, com mais rebanhos, aproveitava as carcaças do gado morto.
Em Portugal, a ocupação das colónias ocorre em dezembro e janeiro, decorrendo as posturas de janeiro a março. faz ninho em forma de massa de gravetos, em saliência ou fenda de rochas, onde põe 1 ovo entre janeiro e junho, com incubação de 52 dias
Estatuto de conservação em Portugal: Quase Ameaçado
É mais pequeno abutre da Península Ibérica, com 60- 65 cm de comprimento e 150-170 cm de envergadura. Tem plumagem branca, asas brancas e pretas, face amarela e sem penas, o bico comprido amarelo com preto negro na extremidade.
Prefere terrenos abertos nas proximidades de zonas rochosas acidentadas, normalmente em vales fluviais e áreas serranas ou de montanha. É uma espécie estival. Chega em fevereiro/março e parte em setembro em direção a África.
Procura alimento em terrenos de agropecuária extensiva, incultos,
matagais e vales alcantilados, desde carcaças, anfíbios e répteis e insetos, mas também aproveita detritos em aterros sanitários.
A maior parte dos ninhos da região é construído em cavidades, em escarpas rochosas, mas a baixa altitude e a poucos metros do solo. Em Portugal, as posturas ocorrem, normalmente, no mês de abril e são compostas por 2 ovos. O período de incubação dura 42 dias.
Estatuto de conservação em Portugal: Quase Ameaçado
Comprimento: 60-70 cm e envergadura de asas: 145-165 cm. Peso: entre 1500 a 2400 gr. Em adulta, tem plumagem escura nas asas e branca na parte inferior do corpo, com mancha branca típica no centro do dorso. Banda negra na extremidade da cauda. Em voo distingue-se da águia-real por ter a ponta das asas ligeiramente dobrada para baixo.
Predominantemente residentes. Distribuem-se por vários pontos do país. Habita normalmente regiões montanhosas, onde pode ser avistada a pairar, geralmente aos pares.
Mamíferos de médio porte (coelho-bravo) e aves (perdiz-vermelha e pombos e rolas) e, com menor frequência, répteis. Caça normalmente em pares.
Quando existente em vales íngremes, constrói o ninho em escarpas. Processo nidificante entre janeiro e junho, produzindo 1 a 2 crias, após 37 a 40 dias de incubação. É uma espécie monogâmica, sendo altamente territorial.
Estatuto de conservação em Portugal: Quase Ameaçado
É a maior das águias em Portugal. Comprimento: 80-90cm. Envergadura de asas: 190-225 cm. Peso: 2,5 a 12 kg. A cabeça é projetada, castanho-dourada na coroa e nuca. O bico é grande, forte e encurvado, amarelo, com negro na ponta. Tem asas grandes e largas, mais estreitas na base e na “mão”. A cauda é larga, arredondada e comprida. A água real subdivide-se em 5 subespécies, sendo a da Península Ibérica a Aquila chrysaetos homeyeri.
Ampla variedade de habitats, preferencialmente em escarpas e afloramentos rochosos, zonas montanhosas e vales de grandes rios, normalmente em áreas vastas e pouco humanizadas, com vegetação baixa e dispersa. Em 2020 estimava-se a
existência de 65 casais confirmados e seis casais possíveis de águia-real,
maioritariamente nos distritos de Bragança e da Guarda (44 a 50 casais).
Presas de média dimensão, principalmente lagomorfos, grandes répteis, aves diversas e carnívoros. Em períodos de menos alimento pode recorrer a cadáveres de ovinos e caprinos.
Postura de 1-4 ovos, sendo mais comuns 2 ovos, entre fevereiro e março. Incubação de 35-45 dias. Espécie monogâmica até à morte de um dos elementos. Utiliza escarpas ou os afloramentos para nidificar, e os ninhos são reutilizados em anos sucessivos ou alternados.
Estatuto de conservação em Portugal: Quase Ameaçado
Ave de rapina noturna de grande porte, sendo o maior estrigídeo europeu. Espécie residente. Atinge os 75 cm de comprimento e 1,88 m de envergadura. Cabeça grande, “orelhas” (ou penachos) compridas e grandes olhos de íris alaranjada. Bico preto. Durante o voo, destacam-se a cabeça comprida e as longas e largas asas. A fêmea é maior e mais pesada que o macho.
Em Portugal prefere áreas inacessíveis, longe da ocupação humana, e de relevo mais acentuado, sendo mais comum nas zonas mais remotas do interior. Está presente em maciços montanhosos, vales rochosos e falésias litorais.
Mamíferos de pequeno e médio porte: ratos, ratazanas, lagomorfos e carnívoros; aves de tamanho médio, e com menor frequência aves de rapina, répteis, anfíbios, peixes e cadáveres.
Os ninhos situam-se usualmente em fissuras, cavernas ou plataformas de escarpas rochosas, protegidas por rochas salientes, arbustos, troncos e buracos de árvores ou até no solo, em zonas declivosas; e em edifícios antigos. Nidifica entre dezembro e junho. Postura: 2-4 ovos. Período de incubação: 34 a 36 dias.
Estatuto de conservação em Portugal: criticamente em perigo
O abutre-preto (ou abutre-cinéreo) é a maior ave de rapina da Europa. Comprimento: 100-110cm. Envergadura de asas: 250-290cm. Os maiores indivíduos chegam aos 13,5 kg de peso. A plumagem é preta-acastanhada, quase uniforme em todo o corpo. Cabeça com penugem de cor clara, com preto em redor dos olhos e no pescoço. Bico castanho, com cera cinzento-azulada. Patas cinzentas claras. Em voo, destacam-se as enormes asas, quase retangulares, e a cauda em forma de cunha.
Frequente em terrenos remotos, revestidos por matagais arborizados com azinheira ou sobreiro, onde costuma nidificar. Busca alimento em áreas cerealíferas e de pastoreio extensivo, ou em matos pouco densos. Em 2021 foi descoberta uma colónia de abutres pretos no Grande Vale do Côa, considerada a terceira maior colónia do país.
De hábitos necrófagos, alimenta-se de carcaças de tamanho médio a grande, desde algum gado a animais selvagens, dos coelhos aos veados e javalis.
Os abutres-pretos maturam entre os 3 e os 6 anos de idade. Formam casais estáveis que podem durar muitos anos. Posturas: entre fevereiro e março, normalmente 1 ovo. Período de incubação: 50-55 dias. Crias demoram 95-120 dias até se tornarem independentes. Fazem o ninho no topo das árvores, até 20 m do solo.
Estatuto de conservação em Portugal: Criticamente em perigo
O chasco preto, (com plumagem castanha no caso das fêmeas) é o mais raro dos três chascos na Europa Ocidental, sendo o único residente. É um pouco maior que os outros chascos e caracteriza-se pela plumagem preta em contraste com a cauda branca. Peso: 35-40 gramas.
Frequenta vales com afloramentos rochosos, e é mais avistado nas zonas mais áridas, habitats com pouca vegetação e pousando em escarpas e, por vezes, em edifícios isolados. Também habita grutas, pedreiras, encostas cobertas de seixos ou vales rochosos com vegetação densa ou olivais em socalcos.
Sobretudo insetos. Por vezes procura alimento em zonas cultivadas, no solo, debaixo de arbustos ou perto de povoações, mas evita o contacto com o homem. No Inverno procura alimento sozinho, em pares ou em pequenos grupos de 3 a 5 indivíduos.
Ninho feito em cavidades, situadas em paredes rochosas, penhascos, edifícios em ruínas e grutas abandonadas. Espécie monogâmica. Ambos os progenitores cuidam e alimentam das crias.
Estatuto de conservação em Portugal: Vulnerável
ligeiramente menor que a cegonha branca. Pernas e bico longos e vermelhos. Plumagem com padrão preto com reflexos esverdeados. Abdómen branco.
Lagos, rios ou regiões alagadas rodeadas por florestas, preferindo zonas de fraca perturbação humana. Normalmente são migrantes, mas os espécimes da Península Ibérica são residentes. São mais avistadas entre março e setembro.
Peixe, anfíbios e outros seres aquáticos. São animais úteis para a agricultura, pois comem inúmeros insetos e servem como controladores de possíveis pragas.
Em escarpas altas ou ramos de pinheiros mais altos. Ninhos grandes e construídos com paus e lama. Posturas de 3 a 5 ovos, na última quinzena de março, incubados durante 35 a 36 dias. As crias são alimentadas no ninho até aos 2 a 2,5 meses de vida.
No mundo vegetal há um tipo de organismo que passa despercebido e que é facilmente observável, em grande diversidade, ao longo dos passadiços e em toda a região: os líquenes. Os líquenes resultam da simbiose entre um fungo e um parceiro capaz de fazer fotossíntese, na maioria dos casos uma alga verde. Este é um mundo quase desconhecido, mas com imensas aplicações práticas.
Vila Nova de Foz Côa tem mesmo uma espécie própria: em 2013, Joana Marques, Matthias Schultz e Graciela Paz-Bermúdez descobriram, no Vale de José Esteves (Vila Nova de Foz Côa) uma espécie nova, a Peltula lobata.
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